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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Guilherme vence paralisia e reencontra a infância na equoterapia em projeto com apoio do Senar/MS

Parceria com Sindicato Rural de Maracaju leva qualidade de vida e transformação no dorso de cavalos

Guilherme tinha apenas quatro anos quando a vida, até então tranquila, foi tomada pelo inesperado. Em menos de um dia, passou de um menino saudável e cheio de energia para um corpo paralisado, rígido, que já não respondia aos seus comandos. Os médicos chamaram pelo nome técnico, síndrome de Guillain-Barré, e, junto dele, apresentaram um futuro duro: a possibilidade real de que ele nunca mais voltasse a andar.

Mas o que eles não sabiam é que, anos depois, com o trabalho dedicado do centro de equoterapia do Sindicato Rural de Maracaju e o apoio do Senar/MS, Guilherme voltaria não só a caminhar, mas a correr, brincar e defender gols no futebol da escola como qualquer criança.

“Eu vi o meu filho renascer. Cada movimento era uma vitória. Não há palavras para expressar isso, é praticamente sobrenatural”, diz Samara Marques, mãe de Guilherme.

Essa é a história do Transformando Vidas de hoje, confira:

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Na madrugada em que tudo começou, Samara percebeu algo estranho: o filho dizia que não sentia as pernas. Horas depois, as mãos estavam rígidas, e ele chorava sem parar, sem conseguir se mover. A primeira ida ao hospital trouxe apenas um diagnóstico equivocado de “dor de crescimento” e a sensação de que não havia motivo para se preocupar. Mas, na manhã seguinte, a realidade mostrou que era algo muito mais grave.

O que se seguiu foi uma corrida contra o tempo. Ainda em menos de 24 horas, Guilherme foi levado para Campo Grande, onde já apresentava comprometimento nos órgãos internos e movimentos reduzidos a apenas um leve piscar de olhos. Foi preciso iniciar um tratamento agressivo, com imunoglobulina, um medicamento derivado do soro do cavalo, para tentar conter o avanço da doença.

“Era como se eu tivesse um bebê de tamanho maior. Ele não andava mais, ´tinha que usar fralda, ficava só na cadeira de rodas e tínhamos que carregar ele no colo para todo lado”, relembra a mãe.

Quando recebeu alta, os médicos foram diretos: a recuperação dos movimentos era improvável. Guilherme foi considerado, na prática, tetraplégico. Mas Samara não desistiu. Começou a procurar terapias, tratamentos alternativos, qualquer recurso que pudesse trazer de volta a vida que o filho conhecia. Foi então que uma médica lhe falou sobre a equoterapia. O nome era novo, mas a esperança se reacendeu.

Samara pesquisou na internet, assistiu a vídeos e descobriu que, na própria Maracaju, o Sindicato Rural, com apoio do Senar/MS, oferecia o tratamento gratuitamente. “Até que eu vim aqui no Sindicato Rural, mostrei o laudo do Guilherme e ele foi admitido, fiquei ansiosa pela primeira aula”, conta.

A primeira sessão foi inesquecível. Lá estava ele, frágil, dependente, sentado com apoio sobre o animal. E então, discretamente, um dedo se moveu. “Foi um choro para mim, para minha família”, diz a mãe. Para qualquer outra pessoa, poderia passar despercebido. Para Samara, para a equipe e para todos que acompanharam, foi como o gol da vitória no último minuto.

Na terceira sessão, o improvável se repetiu. Guilherme já conseguia sentar sozinho no cavalo, mantendo o equilíbrio que antes parecia impossível. Pouco tempo depois, pedalou uma bicicleta, feito que trouxe de volta parte da independência. Vieram o andador, as órteses, e, com cada passo, a certeza de que o corpo dele estava reaprendendo a ser livre.

Guilherme vence paralisia e reencontra a infância na equoterapia em projeto com apoio do Senar/MS

Hoje, aos sete anos, Guilherme não apenas anda: ele corre, pula, joga bola, mergulha nas traves para defender os gols. “Eu gosto de jogar bola na educação física, sou goleiro do meu time.” E, claro, segue apaixonado pelos cavalos da equoterapia.

Passo a passo para a transformação

O Centro de Equoterapia de Maracaju foi inaugurado em novembro de 2017, por iniciativa do sindicato rural do município com apoio técnico do Senar/MS e parceria da prefeitura. Uma equipe multidisciplinar acompanha o praticante na pista estruturada pelo sindicato, no parque de exposições da cidade. Ele é um dos cinco centros do estado que recebe apoio da instituição, por meio do programa “Passo a Passo”, iniciativa que visa apoiar a criação e funcionamento de Centros de Equoterapia no estado.

“Atualmente o centro é referência no município. O Senar/MS nos garante a capacitação da equipe, alguns equipamentos, materiais para o andamento do centro, como sela, manta. Então é muito importante para nós essa parceria”, explica a gerente do Sindicato Rural de Maracaju, Cláudia Nogueira.

Ela complementa que o caso de Guilherme é um exemplo vivo do impacto que o projeto pode ter. “Quando você vê o depoimento de um pai, de uma criança que chega aqui sem andar, que com poucas sessões muda a rotina daquela família é muito gratificante. Aí qualquer problema que vem pela frente fica fácil de resolver”.

Guilherme vence paralisia e reencontra a infância na equoterapia em projeto com apoio do Senar/MS

A história de Guilherme mostra que, quando técnica, dedicação e amor se encontram, diagnósticos deixam de ser sentenças. No dorso de um cavalo, com as rédeas firmes e o olhar voltado para frente, um menino reencontrou a própria infância e, com ela, um futuro inteiro para correr atrás.

Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul – Michael Franco

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