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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Etanol de milho avança e responde por 42% da produção no Estado

Para a safra 2025/2026, a projeção é de 4,7 bilhões de litros de álcool um crescimento de 9,3%

Mato Grosso do Sul está consolidando sua posição de destaque na produção nacional de etanol com a expansão acelerada do biocombustível de milho. Dados da Associação dos Produtores de Bioenergia de MS (Biosul) mostram que, na safra 2024/2025, o Estado produziu 4,3 bilhões de litros de etanol, com 37% desse volume derivado do milho. Para a safra 2025/2026, a projeção é de 4,7 bilhões de litros, um aumento de 9,3%, com o milho representando 42% da produção total.

Com esse desempenho, MS já ocupa o posto de segundo maior produtor de etanol de milho do País, atrás apenas de Mato Grosso. No ranking nacional, o Estado também é o quarto maior produtor de etanol de cana-de-açúcar, o quinto de açúcar e o quarto maior exportador de bioeletricidade. Ao todo, são 22 usinas ativas, sendo 19 de cana e três dedicadas exclusivamente ao etanol de milho.

“Mato Grosso do Sul, que sempre se destacou na produção de etanol de cana-de-açúcar, é o quarto maior produtor do Brasil, potencializou nos últimos três anos sua capacidade com a produção de etanol de milho. Esse foi um passo estratégico para expandir e complementar o potencial do setor, reforçando o papel do Estado como um dos líderes na produção de biocombustíveis sustentáveis”, afirmou ao Correio do Estado o presidente da Biosul, Amaury Pekelman.

A rápida ascensão do etanol de milho em MS acompanha uma tendência nacional. Conforme a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única), a produção total de etanol no Brasil atingiu o recorde de 37,3 bilhões de litros na safra encerrada em março. Desse total, o etanol de milho registrou crescimento de 31%, alcançando 8,2 bilhões de litros. Em 10 anos, a produção nacional de etanol de milho foi multiplicada por 10.

A previsão da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) é de que o País atinja 10 bilhões de litros neste ano, representando mais de um quarto do total de etanol produzido no Brasil. De acordo com a Unem, os investimentos programados para o setor somam R$ 40 bilhões, com foco em ampliação da capacidade de produção e melhorias logísticas.

COMPETITIVIDADE
A oferta abundante e a competitividade do milho, aliadas à tecnologia de produção, são os principais fatores por trás desse avanço. Inspirado no modelo norte-americano, o Brasil vem investindo fortemente na transformação do grão em energia. O etanol de milho gera não apenas combustível, mas também DDG (grãos secos de destilaria), utilizado como ração animal, e bioeletricidade.

No Estado, a Inpasa, por exemplo, concluiu em 2024 a primeira fase de sua planta em Sidrolândia, com investimento de R$ 1,5 bilhão. Para este ano, a empresa projeta aplicar mais R$ 4 bilhões, parte dos quais destinados à ampliação da unidade sul-mato-grossense. Quando totalmente operacional, a planta terá capacidade de produção de mais de 1 bilhão de litros de etanol por ano.

Conforme já publicou o Correio do Estado, o governo sul-mato-grossense aponta que trabalha para atrair cada vez mais indústrias – como a de papel tissue e etanol – e, que nos próximos três anos, terá aportes da ordem de R$ 105 bilhões.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, os investimentos devem impulsionar o crescimento econômico de MS.
“Esse volume de investimentos representa uma mudança profunda na estrutura produtiva de Mato Grosso do Sul. Estamos falando da consolidação de uma nova matriz econômica, mais diversificada, sustentável e com alto valor agregado”, afirmou Verruck.

Etanol de milho avança e responde por 42% da produção no Estado

No setor de bioenergia, além das 22 usinas em operação, o Estado conta com a adição recente de novas unidades em Anaurilândia e Paranaíba. Há ainda três novos projetos de etanol de milho em Nova Alvorada do Sul e Costa Rica e um terceiro em negociação, cada um com investimento estimado na ordem de R$ 1 bilhão.

“Com isso, o milho, que antes era majoritariamente exportado, passa a ser transformado aqui mesmo, agregando valor e impulsionando outras cadeias produtivas”, avaliou Verruck.

DISPONIBILIDADE
Outro fator importante para a consolidação de Mato Grosso do Sul como polo produtor é a complementaridade entre as safras de cana e milho. Enquanto a produção de etanol de cana se concentra no período da safra de abril a novembro, o etanol de milho garante atividade industrial e geração de empregos durante o restante do ano.

Essa dinâmica ajuda a reduzir os impactos da entressafra da cana e garante fornecimento contínuo de etanol ao mercado, além de bioeletricidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Das 22 usinas instaladas no Estado, 13 exportam o excedente de energia elétrica para a rede.

“Hoje, Mato Grosso do Sul conta com 19 usinas de etanol de cana e mais três unidades dedicadas ao biocombustível de milho, consolidando uma matriz energética diversificada e alinhada com as demandas globais por produtos renováveis. Essa complementariedade entre cana e milho coloca MS em uma posição importante, como um polo inovador do biocombustível de grãos, ampliando nossa contribuição para a descarbonização da matriz de transporte e da indústria”, completou Pekelman. 

Reportagem do jornal O Globo aponta que o modelo de negócios do etanol de milho é considerado hoje um dos mais competitivos do setor de biocombustíveis, com forte respaldo tecnológico, grandes volumes de produção e produtos com alto valor agregado. Além de atender à demanda nacional por combustíveis renováveis, o setor mira as exportações. 

Um exemplo é o DDG, subproduto do processo industrial que já tem mercado consumidor garantido e potencial de venda para países como a China, que recentemente abriu seu mercado para a importação do produto brasileiro.

O professor da Unicamp Luis Augusto Barbosa Cortez destacou à reportagem outro benefício. “Cerca de 85% da nossa carne ainda é produzida no pasto. Os EUA cresceram no etanol de milho à base de dar DDG para o gado. Hoje, 100% da carne americana é produzida em estábulos. O Brasil vai para o mesmo caminho. Vamos conseguir, com o etanol de milho, tirar o boi do pasto”, afirma.

Segundo Cortez, o avanço da pecuária intensiva com uso de DDG vai contribuir para reduzir as emissões de carbono do setor agropecuário e liberar áreas degradadas para outras culturas agrícolas.

Com a combinação de tecnologia, investimentos privados, políticas públicas de incentivo e um ambiente de negócios favorável, Mato Grosso do Sul segue ampliando sua participação na matriz energética nacional e se posiciona como um dos principais protagonistas do futuro verde brasileiro.

“Com tecnologia, eficiência e sustentabilidade, estamos consolidando o Estado como um hub energético verde, gerando emprego, renda e um modelo de produção de baixo carbono para o Brasil e o mundo”, concluiu Amaury Pekelman.

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