A Ferrovia Malha Oeste voltou ao centro da agenda nacional de infraestrutura. Incluída pelo Ministério dos Transportes e pela ANTT no calendário de concessões de 2026, com abertura de edital em abril e leilão previsto para julho, a ferrovia que corta 600 quilômetros de Mato Grosso do Sul ganha um novo fôlego após uma década de impasses regulatórios e tentativas frustradas de repactuação. O avanço integra a primeira Política Nacional de Concessões Ferroviárias e uma carteira inédita de projetos logísticos, que prevê quase R$ 290 bilhões em investimentos em ferrovias e rodovias no próximo ano.
A retomada da Malha Oeste marca um dos movimentos mais significativos do novo ciclo logístico anunciado pelo governo federal em 25 de novembro. Considerada vital para a competitividade de Mato Grosso do Sul, a ferrovia conecta Corumbá (MS) a Mairinque (SP) e tem estimativa de R$ 35,7 bilhões em obras, além de R$ 53,5 bilhões durante a operação. Para o secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia de Inovação (Semadesc), a definição do cronograma representa “um avanço estratégico para o futuro logístico de Mato Grosso do Sul”, após anos de tratativas, interrupções e impasses no Tribunal de Contas da União.
Segundo o secretário, a definição do cronograma nacional coloca a Malha Oeste como prioridade. “Nos últimos dez anos, o Governo do Estado trabalhou intensamente para garantir a retomada da concessão da ferrovia. Houve avanços, retrocessos, propostas não aceitas pelo TCU e interrupções. Agora, finalmente, temos um novo caminho. Com o anúncio do Ministério dos Transportes, a Malha Oeste aparece como a segunda ferrovia do cronograma de concessões, com leilão previsto já para julho do próximo ano, e isso é extremamente positivo. A logística ferroviária está no centro da estratégia de competitividade de Mato Grosso do Sul”, afirmou.

A nova Política Nacional de Concessões Ferroviárias, construída pela ANTT e pelo Ministério dos Transportes, inaugura uma diretriz de Estado para o setor. O conjunto de ações moderniza regras, fortalece a segurança jurídica, aprimora a governança e adota modelos inovadores de financiamento, condições essenciais para destravar projetos estruturantes como a Malha Oeste. No total, os empreendimentos ferroviários previstos somam mais de 9 mil quilômetros de novos trilhos e até R$ 600 bilhões potencialmente movimentados ao longo da vigência dos contratos.
Para Mato Grosso do Sul, a nova concessão representa mais do que a recuperação de um ativo degradado: abre a possibilidade de transformar o corredor de exportações do Estado, ampliando a eficiência do escoamento de minérios, combustíveis, celulose e demais cargas de alto volume. “A Malha Oeste é decisiva para nosso desenvolvimento econômico. Reduz custos, amplia alternativas logísticas e fortalece a capacidade do Estado de competir globalmente”, finalizou Jaime Verruck.
Com o novo ciclo de concessões, o governo federal também prevê a expansão de projetos rodoviários, com 13 leilões em 2026 que preveem investimentos de R$ 148 bilhões investimentos, além da ampliação de iniciativas sustentáveis e de segurança para o transporte de cargas e passageiros.
Marcelo Armôa, Semadesc


