Na última sessão da Câmara Municipal de Juti-MS, o clima foi de tensão e debate acalorado. O centro da controvérsia foi o Projeto de Lei 016/2025, que autoriza o Poder Executivo a firmar parceria com o Instituto Cerrado Guarani. A vereadora Angela protocolou um pedido formal de vista ao projeto, com base em graves inconsistências técnicas e falta de transparência no plano de trabalho apresentado. No entanto, o pedido foi negado por 5 votos a 4, gerando forte repercussão entre os parlamentares e a comunidade.
O pedido de vista, uma prerrogativa regimental dos vereadores para aprofundar a análise de matérias legislativas, foi solicitado sob alegação de irregularidades no conteúdo do projeto. Entre os apontamentos feitos por Angela, está a divergência entre a quantidade de mudas mencionadas na descrição do objeto e no plano de aplicação, além de ausência de justificativas para gastos como bolsas de extensão, taxas administrativas e combustível.
“Venho, respeitosamente, solicitar pedido de vista do Projeto de Lei 016/2025, com o objetivo de analisar melhor seu conteúdo antes de sua votação em Plenário, e como medida de direito dentro do processo legislativo”, declarou a vereadora em documento oficial.
Apesar dos argumentos apresentados, o presidente da Câmara, Deuzinar Dias, desconsiderou o conteúdo do pedido e colocou o projeto em votação imediata. A decisão dividiu os vereadores e foi criticada por ignorar a importância da análise técnica e da transparência no uso de recursos públicos.
“O projeto, tal como foi aprovado, apresenta falhas que podem comprometer a prestação de contas e a credibilidade da Casa. É um desrespeito à legalidade e aos vereadores que atuam com responsabilidade”, criticou Angela após a votação.
Com a aprovação do projeto, mesmo diante das inconsistências levantadas, cresce a preocupação sobre os desdobramentos jurídicos e administrativos da parceria. O episódio expõe um possível rompimento com os princípios da legalidade, fiscalização e zelo pelo erário, pilares fundamentais da atuação legislativa.
A votação apertada — 5 votos contrários ao pedido de vista e 4 favoráveis — revela a divisão interna entre os parlamentares, e pode marcar um novo capítulo na política municipal, com questionamentos sobre a condução dos trabalhos legislativos e o compromisso com a transparência.
A população e os órgãos de controle devem acompanhar de perto os próximos passos, principalmente quanto à execução e fiscalização do convênio aprovado. O episódio reafirma a importância de debates técnicos e da atuação vigilante dos representantes eleitos.
Votaram a favor do pedido de vista, a vereadora Angela Biasi, Andréia Tobias, Gabriel David e Leonardo Santoro.
Votaram contra o pedido de vista, Vereadores Alberto Bueno , Rogerio Dias, Edimauro Libert, Luzia Rocha e Deuzinar Dias
